sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Referência bibliográfica:
CMMAD - Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso FuturoComum. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. da Fundação Getúlio Vargas, 1991 XVIII, 430p.
Resenha da Parte 2, páginas 103 a 183


Conteúdo da Resenha:


A cada ano, aumenta o número de seres humanos, mas permanece finita a quantidade de recursos naturais destinados ao sustento dessa população, à melhoria da qualidade da vida humana e à eliminação da pobreza generalizada. Por outro lado, a expansão dos conhecimentos faz aumentar a produtividade dos recursos, mas não na mesma proporção do aumento do número de habitantes no mundo. Esta defasagem entre número de pessoas e recursos é ainda mais premente, porque grande parte do aumento populacional se concentra em países de baixa renda, em regiões desfavorecidas do ponto de vista ecológico e em áreas de extrema pobreza.

Segundo o Dr. J.O.Oucho, do Instituto de Estudos e Pesquisas Populacionais, ele disse o seguinte: “Há alguns anos atrás tornou-se moda estabelecer distinção entre população e meio ambiente como se tratasse de duas áreas em crise, mas com freqüência nos esquecemos de que a população , na verdade ‘é parte integrante do meio ambiente e, portanto, quando nos referimos a população, estamos nos referindo não só aos meio ambientes físico, biológico e químico, mas também aos meio ambientes sócio-cultural e sócio-econômico, nos quais vários programas de desenvolvimento governamentais vem sendo implantados. E faz muito mais sentido, falar de população dentro de um contexto”.

Existe atualmente um fenômeno, que vem sendo estudado por alguns organismos e que está sendo intitulado de “refugiados ecológicos”, que nada mais são do que habitantes que cada vez mais, abandonam áreas onde o meio ambiente já se deteriorou e não há mais recursos para exploração das atividades de agricultura. Uma grande parte destes deslocamentos, acaba se dando do campo para as cidades ou centro urbanos, o que resulta num aumento dos níveis de pobreza e das favelas nestas regiões. Cada vez mais, percebemos que é imperativo que se apliquem programas de desenvolvimento sustentável, a fim de reduzir as atuais taxas de aumento populacional nos grandes centros (inchados por estes tipos de deslocamento citado acima), buscando alternativas que permitam às populações rurais adotarem a política de desenvolvimento sustentável. Na verdade, os pontos críticos são o equilíbrio entre o tamanho da população e os recursos disponíveis, seja onde for, e também a taxa de aumento populacional em relação à capacidade da economia, de atender às necessidades básicas da população, não só nos dias atuais, mas sobretudo nas gerações futuras. Alguns governos conseguiram, com certo sucesso, aliar programas populacionais a projetos de saúde, educação e desenvolvimento rural, e os implantaram como parte de programas sócio-econômicos mais amplos em determinadas regiões. Este tipo de integração inclusive, facilita o acesso a novos tipos de tecnologia mais saudáveis, e acaba tornando mais eficazes os investimentos até mesmo na área de planejamento familiar. Isto torna-se muito importante, uma vez que a distribuição da população pelas diferentes regiões de uma país, é influenciada pela disseminação geográfica das atividades e oportunidades econômicas que estão disponíveis.

Neste contexto, percebe-se que a educação, além de propiciar uma série de conhecimentos e melhorias na qualidade de vida e desenvolvimento de um país, pode também tornar a sociedade mais apta para superar a pobreza e a miséria, elevar a renda, melhorar a saúde e a nutrição e ainda estabelecer um melhor planejamento familiar. Normalmente, os baixos níveis de educação de um povo, contribui para que uma grande parte da população não se capacite, não se qualifique adequadamente para ocupar determinados nichos de emprego em que há grande demanda. Isto posto, podemos afirmar que a educação e a formação profissional deveriam também visar à aquisição de conhecimentos práticos e de técnicas profissionalizantes, procurando ainda apoiar e fortalecer os setores informais de trabalho e incrementar a participação de organizações comunitárias. Por isso, a educação deveria ser mais abrangente e englobar as ciências sociais e naturais, para que se pudesse perceber melhor a interação dos recursos naturais e humanos, assim como também do desenvolvimento e do meio ambiente. A educação ambiental, também deveria constar do currículo formal em todos os níveis. Isto aumentaria o senso de responsabilidade dos alunos (futuros cidadãos) para com a conservação e uso racional do meio ambiente, e lhes ensinaria a controlá-lo, protegê-lo e melhora-lo. Neste ponto, a educação de professores é de fundamental importância, uma vez que as atitudes deles serão fundamentais para que se tenha uma compreensão mais ampla do meio ambiente e de seus vínculos com o desenvolvimento. Essa conscientização geral, poderia ser facilitada, estimulando-se os professores de diversos países a entrarem em contato através de Fóruns e Organizações com este fim, de modo a se desenvolver estratégias que possam vir a ser adotadas em diferentes regiões do planeta.

Com o aumento da população mundial e com a preocupação no fornecimento de alimentação a todos estes povos, percebe-se que não faltam recursos para o desenvolvimento da agricultura: o que falta na verdade, são políticas sérias que assegurem que o alimento seja produzido não só onde é necessário, mas de modo a garantir a subsistência das populações pobres rurais, de forma que não venham migrar para os centros urbanos e se tornarem mendigos e indigentes nas grandes cidades.

SITE da MATÉRIA JORNALÍSTICA:
http://www.ecodebate.com.br/index.php/2008/03/31/a-seguranca-alimentar-uma-visao-de-2008-artigo-de-antonio-carlos-porto-araujo/

Resumo da Matéria:

A questão do aquecimento global invoca aspectos geopolíticos que há poucos anos não estavam em discussão. As mudanças no clima podem ter implicações mundiais na área de segurança, podendo gerar conflitos diversos sobre domínio de áreas com disponibilidade de recursos naturais e com vocação para a produção de alimentos e energia.
Prevê-se que o problema possa limitar safras e disponibilidade de água em todo o planeta, suscitando confrontos. Nesse cenário de tensão, o Brasil apresenta-se como “potência ambiental” capaz de atuar como protagonista na discussão.
Com a escassez mundial de água, prevê-se crescimento da demanda global de soja brasileira em cerca de 8% ao ano. Além dela, devemos exportar 8,5 milhões de toneladas de milho, 15,93% da safra estimada para 2008, com o correspondente volume expressivo de água. Na questão financeira internacional, a queda nos juros americanos pode tornar mais atrativos aos investidores o direcionamento de recursos à exploração da cadeia produtiva do biodiesel, sobretudo no Brasil.
Como parte de política agrícola, o País deve aproveitar essa nova onda, já que poderá aumentar sua área de plantio em mais de 20 milhões de hectares, sem invadir as áreas reservadas para florestas.
Nas pesquisas sobre o assunto, faz-se uso de diversos dados, especialmente os apresentados pela Food and Agriculture Organization (FAO), para identificar a quantidade de água utilizada em plantações ao redor do mundo.
As informações disponíveis indicam que a agricultura é a grande responsável pela utilização da água, representando 72% do consumo hídrico no mundo e 60% no Brasil.
Diante desses dilemas, cabe ao Brasil a definição de marco regulatório que estabeleça a inserção dos combustíveis renováveis dentro de uma política agrícola clara. Tal definição poderá dar mais previsibilidade aos empresários nacionais e aos investidores e compradores globais.
Além disso, contribuirá para prover segurança alimentar no País, com produção sustentável e sem os efeitos negativos do combustível para o meio ambiente.

Análise Crítica:

Com a leitura do livro e também da matéria jornalística escolhida por nosso grupo, pudemos perceber que este é um problema que já vem sendo identificado há anos (uma vez que o livro já foi publicado há vários anos atrás e no entanto, sua temática permanece extremamente atual), contudo percebe-se que tudo que tem sido feito pelos diversos governos, ainda é muito pouco diante de tudo que ainda precisa ser feito e implementado. Percebemos que todas as pessoas devem ter direito ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras da saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis.
As situações de insegurança alimentar e nutricional podem ser detectadas a partir de diferentes tipos de problemas, tais como: fome, doenças associadas à má alimentação e consumo de alimentos de qualidade duvidosa ou prejudicial à saúde, dentre várias outras. A produção predatória de alimentos em relação ao ambiente, os preços abusivos e a imposição de padrões alimentares que não respeitem a diversidade cultural também são provocadores desta insegurança alimentar.

Entendemos que a alimentação adequada é direito fundamental do ser humano, inerente à dignidade da pessoa humana e indispensável à realização dos direitos consagrados na Constituição Federal, devendo o poder público adotar as políticas e ações que se façam necessárias, para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população. Acreditamos que a adoção dessas políticas e ações, deverá levar em conta as dimensões ambientais e também continentais de nosso país, culturais, econômicas, regionais e sociais. É dever do poder público respeitar, proteger, promover, prover, informar, monitorar, fiscalizar e avaliar a realização do direito humano à alimentação adequada, bem como garantir os mecanismos para sua exigibilidade.

Para isto, entendemos que uma série de ações articuladas e coordenadas, utilizando os recursos existentes em cada setor (materiais, humanos, institucionais), deve ser utilizado de modo mais eficiente, direcionando-os para ações que obedeçam a uma escala de prioridadesestabelecidas entre os diferentes setores do governo e da sociedade. Se tais setores agirem isoladamente, não teremos uma Política de Segurança Alimentar e Nutricional efetiva. Acreditamos que, recursos dispersos e aplicados sem um planejamento global e com uma visão mais sistêmica, são mais facilmente desperdiçados ou utilizados por grupos isolados para seus interesses particulares, como tantas vezes infelizmente temos visto através da imprensa.

Sendo assim, a nosso ver, sociedade e governos (municipal, estadual e federal) também devem atuar conjuntamente no acompanhamento, monitoramento e avaliação da situação nutricional da população, definindo direitos e deveres do poder público, da família, das empresas e da sociedade. Portanto, pudemos perceber, a iminência em se estabelecer políticas sérias e urgentes, que visem minimizar os impactos negativos, que a postura predatória que vem se abatendo há tantos anos sobre os recursos naturais.

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